Watch Dogs Legion: O Game Que Traduz a Distopia Digital e Nos Faz Perguntar: “E Se…”

Arte conceitual com personagem mascarado de porco em Londres futurista, cercado por drones, viaturas e ícones da DedSec, representando a distopia digital do jogo Watch Dogs Legion.
Em uma Londres sob vigilância extrema, qualquer um pode ser herói – até um hacker de terno e máscara.

Watch Dogs Legion: O Jogo que Antecipou Nosso Futuro Vigiado


No vasto universo dos games, poucos títulos conseguem capturar tão bem o espírito do nosso tempo quanto Watch Dogs Legion. Lançado pela Ubisoft, este jogo não é apenas mais um mundo aberto com hacking; ele é um espelho distorcido, porém assustadoramente familiar, de uma Londres futurista que se transformou em uma distopia digital. Aqui no Multiverso Pop, a gente adora uma boa reflexão sobre o futuro, e Legion nos entrega isso de bandeja, fazendo a gente se perguntar: “será que estamos indo por esse caminho?”


Uma Londres Pós-Brexit, Pós-Privatização e Pós-Liberdade

Watch Dogs Legion nos joga em uma Londres de um futuro próximo (por volta de 2029-2030), onde a capital britânica, já conhecida por suas câmeras de segurança, elevou a vigilância a um nível estratosférico. Mas não é só a tecnologia que avançou: a sociedade também mudou drasticamente.

A cidade está sob o controle da Albion, uma empresa militar privada que substituiu a polícia, e o submundo é dominado por sindicatos criminosos como o Clan Kelley. A economia abraçou o técnico feudalismo, com fintechs dominando o cenário e a inteligência artificial (IA) e a automação eliminando milhares de empregos, tanto de colarinho azul quanto branco. A libra esterlina foi quase que inteiramente substituída pela criptomoeda não-oficial “ETO”.

É um cenário onde a liberdade pessoal foi drasticamente reduzida. Os cidadãos são constantemente monitorados pelo ctOS (central Operating System), uma rede de computadores onipresente que conecta cada dispositivo, cada câmera, cada veículo autônomo. Nesse ambiente de opressão e controle, surge a DedSec, o grupo hacker anarquista que você conhece dos jogos anteriores da série, agora buscando reativar uma resistência popular.

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Montagem gráfica com skyline de Londres futurista, drones de vigilância e agentes da DedSec com máscaras, representando a distopia digital do jogo. Watch Dogs Legion
Watch Dogs Legion

A Revolução do “Jogue com Qualquer Um”: Mecânica Genial, Execução Controversa

A grande sacada de Watch Dogs Legion é sua mecânica central: “Play as Anyone” (Jogue com Qualquer Um). Diferente de outros games onde você tem um protagonista fixo, aqui, literalmente qualquer NPC que você vê nas ruas de Londres pode ser recrutado para sua causa. De uma senhora aposentada especialista em drones a um agente do MI6, um construtor, um músico de rua ou um lutador de boxe ilegal – cada um tem sua própria voz, personalidade, backstory, habilidades e, em alguns casos, até um impacto na narrativa.

Essa mecânica é incrivelmente ambiciosa. Ela permite que você construa um time de hackers e agentes civis, cada um com habilidades únicas (combate, furtividade, hacking), que podem influenciar a forma como você aborda missões. Quer invadir um prédio? Um operário pode entrar disfarçado. Precisa de força bruta? Recrute um lutador. A variedade é imensa, e a sensação de construir uma resistência a partir do “povo” é poderosa.

No entanto, a recepção crítica foi mista. Enquanto muitos elogiaram a ideia e o potencial de liberdade que ela oferece, a falta de um protagonista central bem desenvolvido resultou em personagens menos memoráveis e uma narrativa que, para alguns, parecia diluída. Além disso, o jogo enfrentou problemas técnicos no lançamento, com bugs e quedas de framerate que impactaram a experiência.


Distopia Digital: Watch Dogs Legion e a Vida Real

Apesar das críticas e dos desafios de desenvolvimento (inclusive com denúncias internas de assédio na Ubisoft durante a produção, ironicamente), Watch Dogs Legion se destaca pela sua relevância temática. Lançado em 2020, em meio a uma pandemia que acelerou a digitalização e intensificou debates sobre vigilância, o jogo parece ter antecipado, com impressionante precisão, alguns dos temas que hoje são parte do nosso dia a dia:

  • Vigilância em Massa: A Londres de Legion é um estado de vigilância total, onde drones e câmeras monitoram cada passo. Isso ecoa as crescentes preocupações com privacidade e o uso de reconhecimento facial e IA na segurança pública e privada em cidades reais.
  • O Poder das Corporações: A Albion, uma empresa militar privada que detém o poder, é um reflexo do aumento da influência de corporações sobre a governança e a segurança, um conceito que economistas e historiadores vêm chamando de tecnofeudalismo.
  • Desemprego por Automação: A IA e a automação que tiraram empregos em Legion são uma discussão real sobre o futuro do trabalho e o impacto das novas tecnologias no mercado global.
  • Ameaças Digitais: Ataques terroristas digitais, manipulação de dados e a guerra de informação são elementos centrais do jogo, refletindo a crescente preocupação com a cibersegurança e a desinformação no mundo real.

É quase como se o jogo, em sua ficção, tivesse captado as ansiedades e tendências de um futuro que já começa a se materializar.

Arte conceitual com personagem mascarado de porco em Londres futurista, cercado por drones, viaturas e ícones da DedSec, representando a distopia digital do jogo Watch Dogs Legion.
Em uma Londres sob vigilância extrema, qualquer um pode ser herói – até um hacker de terno e máscara.

Reflexão Final: Nossa Realidade se Aproxima da Ficção?

Watch Dogs Legion não é apenas um game para passar o tempo; é uma provocação. Ele nos convida a refletir sobre o preço da conveniência tecnológica, a privatização da segurança, a perda de liberdades civis e o que acontece quando a tecnologia que deveria nos servir começa a nos controlar. A ideia de que “qualquer um” pode ser um agente de mudança se torna um grito de esperança em um mundo sufocado pela vigilância.

Para o Multiverso Pop, Legion é um exemplo vívido de como os videogames, em sua melhor forma, podem ser plataformas poderosas para explorar temas complexos e levantar questões cruciais sobre a sociedade em que vivemos e a que estamos construindo. A distopia digital de Londres pode estar mais próxima do que pensamos.


❓ Você já jogou Watch Dogs Legion? Quais elementos do jogo mais te fizeram pensar sobre o futuro da nossa sociedade? Compartilhe sua opinião nos comentários!

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